sábado, 10 de abril de 2010

O quanto vale uma esmola

Ps: imagem da web... mais muito parecida com Carlitos...s2
No caminho do colegio, paramos em um sinal vermelho. Haviam alguns garotos de rua fazendo malabarismo e pedindo esmolas. Estava um frio do caramba, e ainda assim, eles nao usavam mais que pequenas fronhas finas amarradas em volta da genitália. Deviam ter cerca de sete anos ou menos. Quando passaram pelo nosso carro, meu motorista abaixou o vidro mecânicamente e entregou a um deles um punhado de moedas, sem nem se dar o trabalho de olhar pra eles, com os olhos fixos na estrada.

Antes do sinal abrir, um deles veio bem perto do vidro do banco de tras, aonde eu estava. Nós nos olhamos por um bom tempo. Momentos antes do carro arrancar, ele sorriu pra mim. Sorriso de criança batalhadora, sonhadora e esperançosa. Sorriso de quem nao se entrega de mao beijada pra vida. Sorriso que me fez pensar nele a aula inteira. Voltando a pé para casa, depois da aula, passei pelo mesmo sinal, e ele estava lá. Esperei o sinal fechar para atravessar a rua e ir falar com ele. Me sentei ao lado dele, do lado da familia. Uma mulher me olhou com curiosidade, e tenho certeza que as pessoas que estavam de carro ficaram se perguntando se eu tinha enlouquecido. Pois bem. Depois de um tempo elogiei seu malabarismo. Ele tentou me ensinar, mas a verdade é que eu nao tenho nem metade da coordenaçao motora que ele tem. Demos boas risadas. Ele me disse que se chamava Carlos, mas todos o chamavam de Carlitos. Eu disse meu nome e perguntei se ele estava com frio. Ele disse que ja havia se acostumado, mas mesmo assim, emprestei meu casaco pra ele e dei o pao de queijo que eu havia comprado especialmente para ele, na cantina da escola. Conversamos muito, ele é incrivelmente inteligente e simpatico.

Acho que a partir desse dia, Carlitos e eu seremos grandes amigos. =]

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